“PCP quer esclarecimentos da Câmara de Lisboa sobre obras em rua de Alfama”
Lisboa, 26 Fev. (fonte, Lusa) – O Vereador do PCP em Lisboa João Ferreira disse hoje que vai pedir esclarecimentos à Câmara sobre as obras de requalificação da Rua dos Remédios, em Alfama, por os trabalhos estarem atrasados e causarem prejuízos aos comerciantes.
“São necessários esclarecimentos. Esta é uma obra que foi feita através de descentralização [delegação de competências] entre a Câmara de Lisboa e a Junta de Freguesia de Santa Maria Maior, portanto a Câmara tem responsabilidades nisto, das quais não se pode alhear”, afirmou à agência Lusa o autarca comunista, no final de uma visita às obras.
De acordo com o responsável, em causa estão “dois grandes problemas” – a “falta de informação aos comerciantes, que não podem programar as suas vidas para minimizar os prejuízos decorrentes de uma obra destas”, e o facto de que “não está a ser feito tudo o que se podia para minimizar esses prejuízos, ao nível da programação da própria obra e da criação de mais atravessamentos”.
Acresce que esta “é uma obra que se arrasta para lá dos prazos inicialmente definidos”, reforçou João Ferreira.
Os trabalhos arrancaram em Novembro passado, visando a repavimentação da via e a substituição das condutas do subsolo, num investimento de 430 mil euros.
Apesar de inicialmente se prever um prazo de 150 dias, o autarca de Santa Maria Maior, Miguel Coelho (PS), explicou numa nota enviada à Lusa que, devido a “algumas dificuldades encontradas no terreno”, a obra deve atrasar-se “por cerca de 30 dias”.
No esclarecimento, Miguel Coelho indicou que “a rua não está toda a ser intervencionada em simultâneo”, existindo duas fases: entre o Largo o Chafariz de Dentro e o cruzamento da Rua do Vigário e entre a Rua do Vigário e a Rua do Paraíso.
"Os subtroços que haviam sido pensados para a primeira fase não foram implementados por dificuldades no acesso das viaturas de carga e descarga de materiais e também para se evitar que esta permanente circulação de veículos carregados de materiais possam danificar as zonas recentemente intervencionadas", acrescentou o autarca.
Tanto Celso Carlos, talhante, como Adelina Pinheiro, proprietária de uma casa de chá, já quantificaram a quebra nas vendas devido à obra, que dificulta a passagem de peões.
Se, no primeiro caso, ronda os 20%/30%, no segundo foi de 1.500 euros em Dezembro e de 800 euros em Janeiro.
Cassiano Martins, dono de uma mercearia, admitiu que “as obras têm de ser feitas, mas esta não tem fim”.
Já Joana Cordeiro, dona de uma loja de artesanato, criticou o facto de “nunca ter sido apresentado o plano de obra”, apesar de já solicitado.
A comerciante defendeu também o pagamento de indemnizações, opção que, segundo a Junta, não está equacionada.
Lurdes Pinheiro, eleita pela CDU na Assembleia de Freguesia de Santa Maria Maior, apontou a “falta de sensibilidade dos dirigentes da Junta”, que estão “sempre a repetir que a obra é feita para os moradores e não para os comerciantes”.